Pelo alto-falante do aeroporto, a
companhia aérea informa aos passageiros do voo prestes a embarcar:
haverá turbulência severa na rota. Ainda no terminal, um deputado
federal é dispensado da inspeção de segurança, graças ao cargo. Dentro
do avião, gordinhos e grandalhões têm assentos reservados. Eis o futuro
da aviação, a considerar projetos de lei inusitados em trâmite na
Câmara dos Deputados.
O mais
recente, de março, é o da isenção da revista obrigatória de segurança
antes de voos domésticos. Além de deputados, passariam a ficar livres
dela generais do Exército, senadores, ministros de Estado, do STF
(Supremo Tribunal Federal) e do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
"A
própria Constituição, que determina que todos os indivíduos são iguais
perante a lei, estabelece privilégios para determinadas pessoas no
exercício de alguns cargos específicos", disse o deputado Cabo Juliano
Rabelo (PSB-MT) no texto de justificativa que acompanha o projeto.
"Imagine-se,
em um aeroporto, qualquer das autoridades elencadas obrigadas a
retirar os sapatos porque o alarme de segurança soou", continua o
deputado, em um exemplo da inconveniência que a inspeção causa.
O
projeto será submetido às comissões da Câmara. Rabelo é suplente. A
Folha ligou quatro vezes para o celular dele, mas não conseguiu falar.
Inspirado
por passageiros que têm medo de voar, Dr. Ubiali (PSB-SP) criou em
2011 um projeto que prevê um "Índice de Turbulência Aérea".
Pelo
texto, antes do embarque, desde a primeira chamada, as companhias
aéreas deverão informar qual a previsão de turbulência para aquela
rota, em uma escala que irá de zero a cinco, da mais fraca para a mais
forte.
"É uma informação a mais, que
interessa a quem tem pânico de turbulência. A pessoa, sabendo que o voo
terá turbulência forte, terá a liberdade de desistir da viagem", disse
Ubiali. Além de anunciado, o índice também terá que constar nos
painéis do aeroporto. Tal qual o que dispensa a revista, precisa passar
pelas comissões da Casa.
O Snea
(sindicato das empresas aéreas) diz que o índice de turbulência não
ajudará os passageiros. Pelo contrário, só os deixarão mais temerosos
de voar. O índice não é eficaz: há turbulências de céu claro, que não
são detectáveis pelo radar.
Já os
assentos para obesos são objeto de diversos projetos. Em 2009, a Anac
criou um selo para determinar a distância entre as poltronas dos aviõesFonte: Folha de São Paulo
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