7 de mar. de 2012

Gol se prepara para voar aos EUA



RIO - A Gol prepara sua entrada no mercado de voos regulares entre o Brasil e os Estados Unidos.
Este mês, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) concedeu à companhia o direito de operar 14 voos semanais no trecho. O plano de voltar às rotas de longo curso, abandonadas logo após a aquisição da Varig, em 2007, contradiz o discurso repetido até recentemente como um mantra pela empresa.
Empresa terá que resolver questão de seus aviões, que ainda não têm autonomia para chegar aos EUA
Nos últimos anos a Gol tem reafirmado que suas prioridades são o mercado doméstico e o internacional de médio curso, restrito a voos para a América do Sul e o Caribe. Logo depois de adquirir a Varig, a companhia chegou a operar voos para destinos como Frankfurt, Paris, Londres e Cidade do México, mas resolveu extinguir as rotas.
Com aviões ultrapassados, que consumiam muito combustível, a Gol acabou fracassando na empreitada. A falta de uma estratégia de diferenciação de preços e serviços também foi apontada como um entrave para o sucesso da empresa nesse segmento. Em 2009, a aérea também chegou a operar pontualmente alguns voos fretados para Orlando, nos Estados Unidos.
Se realmente iniciar essas operações, a Gol entrará num segmento de rentabilidade mais elevada dentro do setor aéreo. "Usualmente, as margens são maiores nas rotas de longo prazo. Você consegue diluir melhor seus custos fixos em voos de maior duração", explica o professor Marcio Migon, do MBA em Logística da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio.
Os planos de expansão no mercado internacional começam a ganhar forma no momento em que a TAM, principal concorrente da Gol, prepara-se para concluir a fusão com a chilena LAN, ganhando musculatura tanto no segmento doméstico quanto no internacional.
A Gol confirmou ontem o interesse em voltar a atuar nesse mercado, mas não forneceu detalhes de seu plano. "A Gol informa que, como empresa competitiva, está sempre avaliando possibilidades que agreguem resultados ao negócio e benefícios aos clientes", disse, em nota.
Uma das dúvidas é se a companhia utilizará a marca Varig. Outra questão em aberto diz respeito ao tipo de avião que seria utilizado nas rotas para os Estados Unidos. Hoje, as aeronaves que a Gol possui não têm autonomia para voar sem escalas até o país.
Como a empresa afastou qualquer possibilidade de diversificar sua frota, uma das alternativas que podem estar em estudo é operar esses voos com escala na Venezuela. No mesmo dia em que concedeu à Gol as frequências para os Estados Unidos, a Anac também publicou no Diário Oficial da União uma portaria dando à aérea o direito de operar mais sete voos semanais entre o Brasil e o país vizinho.
O acordo bilateral vigente entre os dois países prevê a chamada "quinta liberdade", que permitiria que uma companhia aérea brasileira voasse daqui até Caracas, por exemplo, recolhesse passageiros na capital venezuelana e, de lá, seguisse para os Estados Unidos.
Segundo a Anac, a Gol tem um prazo de 180 dias, contados desde 17 de fevereiro, data da publicação das portarias, para fazer o pedido dos voos que deseja operar. Até ontem, nenhuma rota havia sido solicitada formalmente. Caso a aérea não formalize o pedido no prazo estipulado, a Anac deve cancelar as frequências concedidas. A aérea deverá especificar detalhes da operação.
Uma fonte que pediu para não ser identificada vê o plano da Gol como uma oportunidade para a ampliação de suas receitas, embora seu foco principal deverá seguir no mercado doméstico.

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